sábado, 1 de agosto de 2015

18. Devemos ajudar os Espíritos, mesmo os maus?

CONVERSANDO SOBRE MEDIUNIDADE

18. Devemos ajudar os Espíritos, mesmo os maus?

 

Fortaleza, 15 de julho de 2015

 

 

“(...) os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da perfeição e isto parecerá mais conforme à justiça e à bondade de Deus, do que a doutrina que os dá como criados para o mal e ao mal destinados eternamente.” Allan Kardec, em O livro dos médiuns, Capítulo 1.

 

 

Kardec nos ensina que não existem penas eternas e que somos regidos por uma lei natural ou divina, a lei de progresso, demonstrado de forma bem clara no texto acima quando afirma: "os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas".

 

Observamos assim, que elas um dia progredirão, não por um passe de mágica e nem da noite para o dia, mas com as oportunidades que Deus nos presenteia, por meio da pedagogia da reencarnação, a lei de amor, que tudo repara e reconcilia.

 

Tenho observado na prática mediúnica, trabalhando com a desobsessão como médium dialogador (doutrinador), quando acolhemos irmãos endurecidos e enraivecidos pelos dissabores da vida, que por meio do diálogo fraternal e amoroso, com a assistência dos bons Espíritos no comando dos trabalhos e com a vibração dos médiuns de apoio, que muitos irmãos são auxiliados, pois percebemos a mudança energética, vibracional e emocional entre a sua chegada e o momento em que nos despedimos, sendo encaminhados para o tratamento e orientação espiritual.

 

Não podemos afirmar que esse irmão se transformou, que se purificou. Não! Categoricamente, não! Mas foi dado mais um passo diante de tantos outros que já ocorreram. Muitas vezes caímos, nos levantamos, caímos de novo, nos levantamos, e assim vamos caminhando. A vida é formada por essas alternâncias, de altos e baixos, que nos servem de aprendizado.

 

Permaneceremos estacionados ou em queda enquanto desejarmos ou enquanto não quisermos pedir ou aceitar a ajuda que nos oferecem. Deus é amor! Jesus nos ensina que se pedirmos, obteremos. Se batermos à porta, ela se abrirá.

 

Lembro-me de uma passagem do livro Nosso Lar em que André Luiz, após oito anos no umbral, pediu por ajuda e imediatamente dois companheiros socorristas vieram em seu auxílio, levando-o para tratamento no hospital da colônia espiritual Nosso Lar.

 

Em outro trecho do livro, quando ele se encontra com sua mãe, que reside em outra esfera mais elevada, há um momento em que ele lhe pergunta por onde andava ela que não o ajudou, que não o socorreu. O diálogo que ocorre a seguir é esclarecedor e emocionante. Sua mãe revela que desde o desencarne de André Luiz, pela condição em que ela se encontrava, são designados dois Espíritos socorristas para estarem ao lado dele, de prontidão para ajudá-lo e socorrê-lo no momento oportuno, quando se arrependesse e clamasse por ajuda. Ela orava diuturnamente por ele e por seu pai, envidando todos os esforços por ajudá-los, mas lamentavelmente eles não estavam ainda nessa sintonia espiritual. Mas no momento em que André Luiz pediu auxílio, imediatamente os Espíritos se fizeram presentes e o socorreram, levando-o para o hospital.

 

Não há mal que dure para sempre. Todos nós somos regidos pela lei de progresso e estamos fadados a sermos Espíritos de Luz. Quanto tempo levará? Quantas reencarnações ainda teremos? Não sabemos.

 

Tudo depende das nossas escolhas, do nosso livre-arbítrio e de nossas ações no bem, pois fomos criados simples e ignorantes. À proporção que progredimos vamos tomando consciência dos nossos atos e de suas consequências.

 

A reunião mediúnica é uma oportunidade ímpar de acolher, amparar e auxiliar irmãos endurecidos, pois aprendemos muito com eles, e se conseguimos ajudá-los de alguma forma, nos sentimos gratos pela oportunidade recebida e quem sabe se não teremos também a gratidão do irmão socorrido?

 

Gostaria de relembrar o momento em que Bezerra de Meneses, o médico dos pobres, desencarnou cujo registro encontramos no livro O Semeador de Estrelas, psicografado por Suelly Caldas Shubert, transcrito abaixo:

 

"- A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo, e, tocando-me, falou, suavemente: - Bezerra, acorde, Bezerra!

 

Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.

- Minha filha, é você, Celina?

- Sim, sou eu, meu amigo.

A Mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Maior, havendo atravessado a porta da imortalidade.

Agora, Bezerra, desperte feliz.

 

Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar.

Mas, eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora.

Então, Celina, me disse:

- Venha ver, Bezerra.

Ajudando-me a erguer-me do leito, amparou-me até uma sacada, e eu vi, meu filho, uma multidão que me acenava, com ternura e lágrimas nos olhos.

 

- Quem são, Celina? - perguntei-lhe - não conheço a ninguém. Quem são?

 

- São aqueles a quem você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos atormentados, que chegaram às reuniões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade...

 

E Dr. Bezerra concluiu:

 

- A felicidade sem lindes existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxugamos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorremos."

 

A reflexão e convite para hoje é: eu devo julgar menos o outro e amar mais.

 

Muita Paz e Luz!

 

 

Ficha técnica:

Texto - Anibal Albuquerque

Arte - Weyne Vasconcelos

Revisão - Idejane de Melo

Mídias sociais - Marcos Lima Domingues

Imagem - cena do filme Nosso Lar


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