CONVERSANDO SOBRE MEDIUNIDADE
18. Devemos ajudar os
Espíritos, mesmo os maus?
Fortaleza, 15 de julho
de 2015
“(...) os demônios são
simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas, mas que podem, como as
outras, ascender ao mais alto cume da perfeição e isto parecerá mais conforme à
justiça e à bondade de Deus, do que a doutrina que os dá como criados para o
mal e ao mal destinados eternamente.” Allan Kardec, em O livro dos médiuns,
Capítulo 1.
Kardec nos ensina que
não existem penas eternas e que somos regidos por uma lei natural ou divina, a
lei de progresso, demonstrado de forma bem clara no texto acima quando afirma:
"os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas".
Observamos assim, que
elas um dia progredirão, não por um passe de mágica e nem da noite para o dia,
mas com as oportunidades que Deus nos presenteia, por meio da pedagogia da
reencarnação, a lei de amor, que tudo repara e reconcilia.
Tenho observado na
prática mediúnica, trabalhando com a desobsessão como médium dialogador
(doutrinador), quando acolhemos irmãos endurecidos e enraivecidos pelos
dissabores da vida, que por meio do diálogo fraternal e amoroso, com a
assistência dos bons Espíritos no comando dos trabalhos e com a vibração dos
médiuns de apoio, que muitos irmãos são auxiliados, pois percebemos a mudança
energética, vibracional e emocional entre a sua chegada e o momento em que nos
despedimos, sendo encaminhados para o tratamento e orientação espiritual.
Não podemos afirmar
que esse irmão se transformou, que se purificou. Não! Categoricamente, não! Mas
foi dado mais um passo diante de tantos outros que já ocorreram. Muitas vezes
caímos, nos levantamos, caímos de novo, nos levantamos, e assim vamos caminhando.
A vida é formada por essas alternâncias, de altos e baixos, que nos servem de
aprendizado.
Permaneceremos
estacionados ou em queda enquanto desejarmos ou enquanto não quisermos pedir ou
aceitar a ajuda que nos oferecem. Deus é amor! Jesus nos ensina que se
pedirmos, obteremos. Se batermos à porta, ela se abrirá.
Lembro-me de uma
passagem do livro Nosso Lar em que André Luiz, após oito anos no umbral, pediu
por ajuda e imediatamente dois companheiros socorristas vieram em seu auxílio,
levando-o para tratamento no hospital da colônia espiritual Nosso Lar.
Em outro trecho do
livro, quando ele se encontra com sua mãe, que reside em outra esfera mais
elevada, há um momento em que ele lhe pergunta por onde andava ela que não o
ajudou, que não o socorreu. O diálogo que ocorre a seguir é esclarecedor e
emocionante. Sua mãe revela que desde o desencarne de André Luiz, pela condição
em que ela se encontrava, são designados dois Espíritos socorristas para
estarem ao lado dele, de prontidão para ajudá-lo e socorrê-lo no momento
oportuno, quando se arrependesse e clamasse por ajuda. Ela orava diuturnamente
por ele e por seu pai, envidando todos os esforços por ajudá-los, mas
lamentavelmente eles não estavam ainda nessa sintonia espiritual. Mas no
momento em que André Luiz pediu auxílio, imediatamente os Espíritos se fizeram
presentes e o socorreram, levando-o para o hospital.
Não há mal que dure
para sempre. Todos nós somos regidos pela lei de progresso e estamos fadados a
sermos Espíritos de Luz. Quanto tempo levará? Quantas reencarnações ainda
teremos? Não sabemos.
Tudo depende das
nossas escolhas, do nosso livre-arbítrio e de nossas ações no bem, pois fomos
criados simples e ignorantes. À proporção que progredimos vamos tomando
consciência dos nossos atos e de suas consequências.
A reunião mediúnica é
uma oportunidade ímpar de acolher, amparar e auxiliar irmãos endurecidos, pois
aprendemos muito com eles, e se conseguimos ajudá-los de alguma forma, nos
sentimos gratos pela oportunidade recebida e quem sabe se não teremos também a
gratidão do irmão socorrido?
Gostaria de relembrar
o momento em que Bezerra de Meneses, o médico dos pobres, desencarnou cujo
registro encontramos no livro O Semeador de Estrelas, psicografado por Suelly
Caldas Shubert, transcrito abaixo:
"- A minha maior
felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se
aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo, e, tocando-me, falou,
suavemente: - Bezerra, acorde, Bezerra!
Abri os olhos e vi-a,
bela e radiosa.
- Minha filha, é você,
Celina?
- Sim, sou eu, meu
amigo.
A Mãe de Jesus
pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Maior, havendo
atravessado a porta da imortalidade.
Agora, Bezerra,
desperte feliz.
Chegaram os meus
familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar.
Mas, eu ouvia um
murmúrio, que me parecia vir de fora.
Então, Celina, me
disse:
- Venha ver, Bezerra.
Ajudando-me a
erguer-me do leito, amparou-me até uma sacada, e eu vi, meu filho, uma multidão
que me acenava, com ternura e lágrimas nos olhos.
- Quem são, Celina? -
perguntei-lhe - não conheço a ninguém. Quem são?
- São aqueles a quem
você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos
atormentados, que chegaram às reuniões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre
eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da terra, os
destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar
no pórtico da eternidade...
E Dr. Bezerra
concluiu:
- A felicidade sem
lindes existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que
enxugamos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um
dia percorremos."
A reflexão e convite
para hoje é: eu devo julgar menos o outro e amar mais.
Muita Paz e Luz!
Ficha técnica:
Texto - Anibal
Albuquerque
Arte - Weyne
Vasconcelos
Revisão - Idejane de
Melo
Mídias sociais -
Marcos Lima Domingues
Imagem - cena do filme Nosso Lar