101. Em busca da
felicidade
Fortaleza, 5 de
novembro de 2017
por Aníbal Albuquerque
"Ao que muito
pegou, nada sobrou; ao que pouco pegou, nada faltou" Apóstolo Paulo, 2 Coríntios 8:15
Desde agosto último,
venho realizando palestras com a temática "A terapêutica espírita como
auxílio no tratamento da ansiedade e depressão", desde a fase de pesquisa
de conteúdo até hoje, no processo de depuração e lapidação do conteúdo, tenho observado
a busca desenfreada da sociedade na busca da felicidade, mas sem consegui-la.
Parece
inacreditável, mas o Brasil de acordo com dados de 2015, da Organização Mundial
de Saúde - OMS, está em primeiro lugar no ranking de ansiedade do mundo e, em
quinto lugar quando o assunto é depressão. Colocando em números o percentual de
brasileiros ansiosos representa 9,3% (18,6 milhões), enquanto de deprimidos o
percentual é de 5,8% (12 milhões), totalizando mais de 30 milhões de
brasileiros.
São números que
impressionam até porque trata-se de um país ensolarado, com muitas
festividades, com uma diversidade religiosa e uma variedade de atividades de
lazer.
A cada palestra uma
das primeiras perguntas que faço é "- Quem aqui é ansioso?"
Basicamente a totalidade da plateia levanta a mão, são poucas as pessoas que
permanecem como se encontram. Provavelmente, por manterem o nível de ansiedade
dentro da normalidade ou porque têm vergonha. Fico me perguntando, como
explicar melhor essa realidade?
A ansiedade em si não
é ruim, todos somos ansiosos, mas em níveis que possamos administrar. Quem não
fica ansioso em uma entrevista de emprego? E quando necessita falar em público?
Quando deseja conquistar o amor de alguém? A ansiedade saudável nos move para a
frente, trazendo a evolução pessoal e da sociedade.
Para encontrar uma
explicação plausível, faço referência à frase inicial de nosso artigo, onde
Paulo em uma de suas cartas aos Coríntios, menciona um dos problemas da
humanidade, a fome pelo desejo. Desejo por objetos, pessoas, poder, dinheiro,
alimentos etc. Quando ele escreve "ao que muito pegou, nada sobrou",
é uma clara demonstração do exacerbado querer por posses, por poder, acumular e
não se saciar. Sempre estar olhando para a frente e nunca apreciar e aproveitar
o que possui.
A sociedade brasileira
está estarrecida e indignada com as revelações da operação Lava-Jato e seus
desdobramentos. Quanto dinheiro! Quanta corrupção! E as pessoas envolvidas não
se satisfazem com o que tem, que já não é pouco.
No complemento da
frase, Paulo dá o seu arremate final ao nos ensinar que "aquele que pouco
pegou, nada faltou", demonstrando claramente que essa pessoa é feliz com o
que tem, está satisfeita, basta-se, não fica alimentando desejos infrutíferos,
irrelevantes, tornando-se uma pessoa feliz, estável, equilibrada e centrada. Ao
mesmo tempo, é importante destacar que nesse ensinamento Paulo não fala da
pobreza ou riqueza material, mas da riqueza espiritual, por estar inteiro,
pleno, íntegro e satisfeito consigo e com o próximo. Em conexão muito estreita
com as coisas de Deus e, é claro, com Ele! Em nenhum momento, identifico esse
ensinamento com a necessidade do homem desprezar suas conquistas pessoais,
profissionais e materiais, mas sim saber desejá-las, possuí-las e sabiamente
colocar-se à disposição do outro.
Em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, em seu capítulo 5, Bem-aventurados os aflitos, o Espírito de
Fénelon nos deixa um ensinamento esclarecedor sobre o que estou tratando nesse
artigo. No item 23, diz ele: "O homem vive em busca da felicidade sem parar,
que também incessantemente foge dele, porque felicidade sem mescla não se
encontra na Terra. (...), pelo menos ele poderia gozar de relativa felicidade
se não a procurasse nas coisas perecíveis e sujeitas às mesmas tormentas – isto
é, nos gozos materiais em vez de procurá-la nos gozos da alma, que são uma
antecipação dos gozos celestes, imperecíveis; em vez de procurar a paz do coração, única felicidade real neste
mundo, ele se mostra ávido de tudo o que o agitará e turbará, e, coisa
singular! Como que de propósito, o homem cria para si tormentos que ele mesmo
poderia evitar. (...), fica poupado de tormentos aquele que sabe contentar-se
com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não procura parecer
mais do que é. (...). É calmo, porque não cria para si necessidades ilusórias.
E a calma não será uma felicidade, em meio das tempestades da vida? Fénelon
(Lião, 1860)
Para
reflexão final deixo um trecho da entrevista de Augusto Cury ao programa Bom
Dia PB, em que ele cita que estamos como mendigos emocionais, buscando a
felicidade fora de nós em migalhas (bens materiais), quando há um delicioso
banquete à disposição, primeiro dentro de nós e, assim, estaremos prontos para
servir-se do que a vida material nos propicia. https://youtu.be/ySL4FMkBYiA
O convite final que
deixo é "(...) FICA POUPADO DE TORMENTOS AQUELE QUE SABE CONTENTAR-SE COM
O QUE TEM (...)".
Procure a paz em seu
coração!
Texto - Aníbal
Albuquerque
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