CONVERSANDO SOBRE
MEDIUNIDADE
86. Animismo e
mediunidade andam juntos? (parte 3)

Fortaleza, 04 de
fevereiro de 2017
por Aníbal Albuquerque
Hoje traremos da nossa
terceira e última parte dessa temática, abordando justamente a manifestação do
Espírito do médium durante uma comunicação.
Na prática de grupos
mediúnicos já tive a oportunidade de me deparar com um médium ostensivo que
manifestava uma de suas existências passadas.
Não é algo comum e,
algumas vezes, não é fácil identificar esse fenômeno anímico. No caso citado,
somente depois de algumas reuniões mediúnicas, percebi que o fato de o médium
se manifestar com a personalidade de uma de suas encarnações passadas, ocorreu
devido sua sintonia com um espírito que fora seu contemporâneo naquela época. O
fenômeno ocorreu em virtude do magnetismo e sintonia existente.
O trecho do livro de André Luiz, psicografia
de Chico Xavier, Nos Domínios da Mediunidade. O capítulo 22 - Emersão do
Passado, narra um caso semelhante:
"Solucionados
diversos problemas alusivos ao programa da noite, eis que uma das senhoras
enfermas cai em pranto convulsivo, exclamando:
- Quem me socorre?
Quem me socorre?
E comprimindo o peito
com as mãos, acrescentava em tom comovedor:
- Covarde! Por que
apunhalar, assim, uma indefesa mulher? Serei totalmente culpada? Meu sangue
condenará seu nome infeliz...
Raul, com serenidade
habitual, abeirou-se dela e consolou-a com carinho:
- Minha irmã, o perdão
é o remédio que nos recompõe a alma doente... Não admita que o desespero lhe
subjugue as energias!... Guardar ofensas é conservar a sombra. Esqueçamos o mal
para que a luz do bem nos felicite o caminho...
(...)
- Esperar, esperar?!
Há quanto tempo não faço outra coisa! Em vão procuro reaver a alegria... Por
mais que me dedique ao trabalho de romper com o pretérito, vivo a carregar a
sombra de minhas recordações, como quem traz no próprio peito o sepulcro dos sonhos
mortos... Tudo por causa dele... Tudo pelo malvado que me arruinou o destino...
E a pobre criatura
prorrompeu em soluços, enquanto um homem desencarnado, não longe, fitava-a com
inexprimível desalento.
Perplexos, Hilário e
eu lançamos um olhar indagador ao Assistente, que nos percebeu a estranheza,
porquanto a enferma, sem a presença da mulher invisível que parecia
personificar, prosseguia em aflitiva posição de sofrimento.
- Não vejo a entidade
de quem a nossa irmã se faz intérprete – alegou Hilário curioso.
- Sim – disse por
minha vez -; observo em nossa vizinhança um triste companheiro desencarnado,
mas se ele estivesse telepaticamente ligado à nossa amiga, decerto a mensagem
definiria a palavra de um homem, sem as características femininas da lamentação
que registramos... Em verdade, não notamos aqui qualquer laço magnético que nos
induza a assinalar fluidos teledinâmicos sobre a mente da médium...
Áulus afagou a fronte
da doente em lágrimas, como se lhe auscultasse o pensamento, e explicou:
- Estamos diante do
passado de nossa companheira. A mágoa e o azedume, tanto quanto a personalidade
supostamente exótica de que dá testemunho, tudo procede dela mesma... Ante a
aproximação de antigo desafeto, que ainda a persegue de nosso plano, revive a
experiência dolorosa que lhe ocorreu, em cidade do Velho Mundo, no século
passado, e entra em seguida a padecer insopitável melancolia.
(...) passa a
comportar-se qual se estivesse ainda no passado que teima em ressuscitar. É
então que se dá a conhecer como personalidade diferente, a referir-se à vida
anterior."
Amorosamente, Áulus
nos mostra o medicamento a ser ministrado à médium, que apresenta um fenômeno
anímico: "para nós, é uma enferma espiritual, uma consciência torturada,
exigindo amparo moral e cultural para a renovação íntima, única base sólida que
lhe assegurará o reajustamento definitivo." Amor, compreensão e amparo
espiritual e moral.
Normalmente, muitos de
nós rotulam o fenômeno como uma mistificação do médium. Observemos o
aprendizado extraído ainda deste capítulo, iniciando-se com o comentário de
André Luiz, passando pela "crítica-dúvida" de Hilário e, novamente
com os belíssimos ensinamentos de Áulus:
"- Mediunicamente
falando, vemos aqui um processo de autêntico animismo. Nossa amiga supõe
encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si
mesma...
- Poderíamos, então,
classificar o fato no quadro da mistificação inconsciente? – Interferiu
Hilário, indagador.
Áulus meditou um
minuto e ponderou:
- Muitos companheiros
matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo,
vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhe congelarem
preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar
como justas as palavras “mistificação inconsciente ou subconsciente” para
batizar o fenômeno. Na realidade, a manifestação decorre dos próprios
sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as
impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se
encontra. (...).
(...)
- Deve ser tratada com
a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. É também um
Espírito imortal solicitando-nos concurso e entendimento para que se lhe
restabeleça a harmonia. A ideia de mistificação talvez nos impelisse a
desrespeitosa atitude, diante do seu padecimento moral. Por isso, nessas
circunstâncias, é preciso armar o coração de amor, a fim de que possamos
auxiliar e compreender. Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o
problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse
corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro, é preciso
remover o mal, para
depois fortificar a
vítima na sua própria defesa."
Fica o ensinamento.
Esperamos terem sido úteis os artigos apresentados sobre esta temática, que
tantas vezes nos leva a julgamentos precipitados. Que possamos alargar a nossa
compreensão nesta área e, principalmente, auxiliar aqueles que mais necessitam do
nosso amor.
Paz e luz!
Texto - Anibal
Albuquerque
Revisão - Idejane de
Melo
Criação da marca -
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